“Arrastei-me até lá, mas a rede de fendas crescia sob minhas mãos e a cercava. Apenas alguns metros nos separavam, quando ouvi o gelo se partir e ceder sob os seus pés. Uma goela negra abriu-se embaixo dela e a engoliu como um poço de alcatrão. Assim que desapareceu sob a superfície, as placas de gelo se uniram fechando a abertura. (…) As últimas borbulhas de ar escaparam de seus lábios e suas pupilas dilataram-se pela última vez. Um segundo depois, lentamente, começou a mergulhar para sempre na escuridão.”
O primeiro livro que li de Zafón foi “A sombra do vento”. Confiando no trabalho do autor por ter gostado da primeira obra, adquiri “O jogo do anjo”, e fiquei satisfeito por certos personagens e lugares de “A sombra do vento” estarem inseridos nessa obra também, embora de maneira menos importante.
“O jogo do anjo” é narrado em 1ª pessoa. Seu protagonista é o jovem escritor David Martín, que não teve uma vida fácil: abandonado pela mãe, viu o pai ser assassinado em sua frente. Gostava de livros, e um de seus lugares favoritos é a livraria Sempere e Filhos, presente também em “A sombra”. David descobre o seu talento para a literatura, e habitua-se a vender por quase nada o fruto de seus trabalhos.
O tempo vai passando e David vai ficando muito doente. Sempre pálido, descobre que não tem muito tempo pela frente. Eis que surge uma oportunidade irrecusável: escrever um livro para um editor francês chamado Andreas Corelli, que o pagaria uma grande quantia em dinheiro e ainda traria sua saúde de volta.
David aceita a oferta sem nem saber do que se trata o livro que escreveria, quando o seu patrão diz que quer que David crie uma nova religião. Sem entender muito bem as razões para aquilo, começa a trabalhar nisso.
Por uma série de conhecidências (que não pretendo contar para não estragar a surpresa de alguém que por ventura queira ler o livro), David encontra-se numa trama macabra, cheia de suspeitas.
Nessa história, surgem personagens encantadores: Isabella, Cristina, Sempere, e outros nem tão encantadores, como Marcos e Castelo. Em posts anteriores, reclamei que “cenas de ação” de certos livros deixavam a desejar. Em “O jogo”, as cenas de ação e terror são de tirar o fôlego. Apesar de uma parte do livro ser ligeiramente entediante, o clima de terror e o banho de sangue que se instalam no desfecho do livro é de fazer inveja a qualquer autor do gênero do terror. De verdade.
O desfecho, porém, é levemente desapontador e sem lógica. O autor não faz a ligação que certos personagens precisavam, nem mostra como certos fatos que aconteceram sem nenhuma explicação lógica foram possíveis, o que deixa um vazio no enredo e uma grande confusão na cabeça do leitor. Eu, por exemplo, prefiro não acreditar no teor “sobrenatural” de certos acontecimentos, e apego-me a teoria de que nos tratamos de um protagonista esquizofrênico, que, enquanto narra sua história, descreve situações irreais e fantasiosas (lembre-se que essa história é narrada em primeira pessoa). Ainda assim, fica uma sensação de frustração, pois algumas perguntas ficam sem respostas.
Apesar de tudo isso, não é a toa que “O jogo” já figura nos destaques desse ano. Fica aqui a dica, mas ressalto que esse livro é para quem gosta de quebrar a cabeça em tramas realmente complexas. Se você não gosta, nem tente ler. Você só vai ficar confuso.
Ainda pretendo postar uma vez esse ano, mas se não o fizer, desejo a todos um bom reveillon. Até mais!
muito bom seu blog.
tomei liberdade e o add.
Boa virada de ano!!!
bah, cmo tu lê!
qtos livros! uhushuehsu
eu tenho lido tão pouco… estou ficando burro =P (mais ainda )
A sua descrição me deixou instigada!
Vou arriscar essa leitura quando puder.
Seria necessária a leitura de “A sombra do vento” antes?
Não é necessário ler “a sombra do vento” antes, apenas alguns personagens aparecem nesse livro… Quem leu “A sombra do vento” gosta, pois reconhece os personagens e se sente mais à vontade, mas quem não leu não precisa se preocupar… Até porque em termos cronológicos, a história de “O jogo do anjo” se passa antes da história de “A sombra do vento”
Achei muito boa sua iniciativa de publicar num blog suas impressões sobre livros.
Quanto ao “Jogo do Anjo” acebei de terminá-lo, e suas palavras finais foram exatamente as que pensei, o autor foi formidável durante todo o livro, as cenas de ação e a narrativa são incontestáveis, contudo o final pecou, me senti confuso, e assim como você preferi não me agarrar muito ao sobrenatural.!
Continuarei visitando o Blog!
Carlos
No auge no meu desemprego estou sendo obrigada a fazer economia com livros… Como e-book achei apenas “A sombra do vento” que pretendo ler, e se me encantar com ele, adquirir qndo for possível.
Mas mesmo com as críticas me deu vontade de ler “Jogo do Anjo” também…
aaah caraa..
‘o jogo do anjo’ e ‘ a sombra do vento’ e simplesmente
sem comentários…eu por exemplo gostei muito do final
e da capacidade do autor de deixar cada um imaginar um final pra si mesmo…isso desperta a literatura dentro de cada um… por exemplo, se você for na comunidade do livro no orkut, vai ver que tem diversas opiniões sobre o livro..
uns acham uma coisa que como vc diz ‘ sobrenatural’ outros acham que foi algo mais normal…ou melhor anormal no caso de uma esquizofrenia…Eh isso que faz Zafón o escritor que é…pois ele nos dá a capacidade de imaginar uma história do nosso jeito e ainda compartilhá-las com outras pessoas e outras idéias.
Eu por exemplo recomendo pra qualquer pessoa ler ‘a sombra do vento’ e ‘o jodo do anjo’, respectivamente … o livro fica ainda mais saboroso nessa ordem.
abraço a todos
thyagomota
Oi! Li esse livro tbm e adorei! É muuuuuuito bom!! Foi o promeiro q li desse autor e adoraria ler outros. Abs
Acabei de ler O Jogo do Anjo, comprei porque depois que li A Sombra do Vento, virei fã de Carlos Ruiz Zafón.
Mas confesso que senti uma sensação de vazio quando terminei a última linha do livro e não pensei duas vezes em procurar algo na internet que me fizesse esclarecer algumas questões que ficaram no ar, mas logo percebi que a sensação interrogativa é comum.
A narrativa é ótima e a forma como a história é contada é de tirar o fôlego num misto de apreensão, angústia com uma leve pitada de humor.
Mas a ficção se torna tão gritante que fica difícil entender de que forma alguns fatos aconteceram. Não encontrei desfecho ou resposta para perguntas que me fiz quando lia.
Mas pra quem gosta de fortes emoções e charadas o livro é ideal
Confesso que amo esse tipo de intrigas de suspense/drama/romance, e fiquei viciado no autor depois da leitura de “a Sombra do vento”. Mais confesso que o final me deixou confusa, a trama inteira acontece de uma maneira exata, e no final que é o encerramento da trama, eu fiquei totalmente confusa. Nao consegui assimilar ainda se acredito na parte sobrenatural ou não . Mesmo assim o livro é excelente, o escritor é maravilhoso e o livro te prende por completo!!
OTIMO
totalmente indicado!
Já comprei o livro e agora vou lê-lo.
Pelo que entendi das críticas, não deixa de ser um bom livro e que só ficou um certo vazio no final.
Quando tiver oportunidade, leia também a sombra do vento, do mesmo autor. Amei
Adorei o livro, mas a sensação do final é a mesma descrita por vc. A narrativa do autor é inigualável. O modo como escreve prende a pessoa de uma maneira que não dá para parar de ler!! Estou esperando por mais livros de Zafón. Acho que início do ano que vem vai ser publicado um livro que, segundo o autor, é o seu preferido. Chama-se “Marina”.
Gostei do livro, mas vejo que o autor adora matar as pessoas, parecendo ser um fim para elas sendo boas ou más. Acredito que pelo fim le quis fazer justiça a David como um sentimento desejado de cada um de nós para Cristina. Tenho certeza que todos tiveram o mesmo sentimento. Achei o final esplêndido mas fiquei cheio de questionamentos assim como todos. Ao certo ficamos nos perguntando quem é Andreas Corelli e o que ele representa? Tenho muitas duvidas mesmo e prefiro não estragar aqui a leitura de ninguem com desfecho de partes do livro. Recomendo a todos.